"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Thursday, July 19, 2007

Dia D

(Créditos Imagem: Getty Images, by ML Harris)


Hoje é o grande dia. O grande dia de coisa alguma. O grande dia comum. O grande dia de chuva. Ou o grande dia depois do grande acidente que matou 200 pessoas. Todos os dias são grandes. Ainda mais quando se vive no tédio. 24 horas se tornam uma eternidade numa existência preenchida por nada mais que o poderoso e chato tédio de viver. Ainda se ainda fosse ócio. Ou ópio.
No dia de hoje nasceram grandes pessoas. Um inventor. Um pintor impressionista. Um assassino. Um jornalista. Um poeta. Um filósofo. Um político. Uma médica. Um guitarrista de rock. Uma modelo. Um atleta. Um escritor. Mais de um escritor. Artistas, intelectuais, criminosos. Todos eles seres notáveis, cada um a seu modo particular. E não importam os anos. Importa a data em si.
Também morreram grandes pessoas. Mais de um Papa. Mais de um presidente. Mais de um escritor. Mais de um matemático. Mais de uma rainha. Foi o dia da morte de poderosos e de pessoas que dominavam as letras e os números. Mas os falecimentos não alteram tanto a data quanto o nascimento. Porque antes da data de falecimento, vêm sempre a data de nascimento. Porque a vida é sempre mais importante que a morte, segundo toda a grande maioria de pessoas. Mera ilusão. Não me incluo neste grupo de depreciadores da morte. Por uma simples razão: como poderia a vida ser mais importante, se esta é a consequência, enquanto a morte é a razão de toda a existência? Todos nascem com a vida mas alguns jamais saberão o que é realmente viver. Ou jamais viverão de modo pleno. A vida é para todos apenas no momento do parto. Depois, ela agracia a uns e excluí a outros o deleite de experimentação das coisas. A morte é sempre para todos. Não importa a circunstância. Todos morrem. Sem exceção. Até os que hoje são imortais tiveram que morrer para fazerem uso deste posto.
Hoje foi o dia de libertação de toda uma nação. Hoje foi o dia de celebração de bodas entre dois deuses. Hoje é o dia do jogo supremo, no campo verde, onze para cada lado, bola ao centro e torcida gritando enlouquecida no estádio. Hoje é o dia dos que ajudam sem pedir. E hoje ainda é o dia de alguns santos.
Há ainda quem diga que hoje foi o último dia dos tempos de gelo. E então, o primeiro dia de novos tempos. Mas será que foi mesmo?
Hoje é um dia como os outros. Mais um dia de trabalho. Mais um dia de estudo. Mais um dia de solidão. Mais um dia de alegria. Mais um dia de tristeza. Mais um dia de indiferença. Mais um dia de ignorância. Mais um dia de desigualdade. Mais um dia de medalhas. Mais um dia de lágrimas. Mais um dia da vida. Ou o primeiro dia da morte. Hoje é apenas um dia. Pois para mim, é o dia da minha pegada no mundo.


Hoje, 19 de Julho, é o dia do meu aniversário.


Tuesday, July 10, 2007

Os Mutantes



Vida essa que não se entende
E que muda quando menos se sente
Fugiu de mim e eu não queria
Falou que presa demais eu vivia

Bobagem essa que é nada
Nem ao menos vira uma fala
Caiu no chão e quebrou
Foi pro espaço e desencarnou

Tempo esse que não pára
De repente virou numa estrada
Se perdeu no instante
Virou um mutante
(porque estou viciada em Mutantes. E porque eles foram a banda mais genial de todos os tempos brasileiros.)

Sunday, July 01, 2007

Apenas Dispersão

(Créditos Imagem: Getty Images, by Aaron Farley)


Porque minha paciência se esgota a cada novo dia. Porque, parece que, de uma hora para outra, todas as pessoas do mundo tiraram a hora para me irritar. Ou estarei eu muito exigente com o mundo?? Sei lá.
Conversas sobre a teoria do capitalismo. Leituras sobre as consequências do capitalismo. Pessoas que vivem contra o capitalismo. Será que eu devo culpar o capitalismo pelas lamúrias de minha vida pessoal?? Provavelmente, posso culpá-lo pelo meu desejo constante de fuzilar metade do planeta. E olhe que nem sou uma pessoa violenta. Sou apenas uma pessoa muito impaciente. E muito idealista. Que, às vezes, é bombardeada com questões que me interessam pouquíssimo como a vida de fulana. Ou então, o que acontece naquele tal seriado. Ou ainda, qualquer tema químico-biológico. Sinto que é a hora de me libertar. Os 16 anos estão chegando aí e a emancipação tem que chegar pela minha mente, não por um papel. Sinto que é tempo de fazer coisas de verdade. Coisas antes apenas sonhadas, imaginadas ou vislumbradas.


Está na hora de tomar um trem. Ou um ônibus. Qualquer meio de transporte terrestre, porque os áeres não andam muito confiáveis. Me fariam perder muito tempo. Está na hora de fugir de mim. Está na hora de misturar uísque e chocolate quente, pelo simples prazer de experimentar. Está na hora de me cobrar menos. Está na hora de deixar o passado para trás definitivamente, já que ele me atrapalha em viver o presente e em pensar o futuro. Está na hora de economizar água. Está na hora de estudar mais matemática. Está na hora de praticar meditação todas as manhãs. Está na hora de abrir a janela para deixar o Sol entrar. Está na hora de ser uma boa menina pervertida. Ou uma pervertida boa menina. Se bem que, nesses tempos de bárbarie, é melhor ser sado-masoquista entre quatro paredes do que sair por aí explodindo pessoas. Está na hora de sonhar que eu estou na grande tela, beijando o Johnny Depp. Ou beijando ele. Ou aquele. Ou o outro. Seria um belo filme. Longe de ser uma comédia-romântica. Muito menos pornô. Deveria ser algo entre a comédia-dramática ao estilo de vários dos filmes do Woody Allen. Está na hora de aventuras psicodélicas...


Está na hora de me centrar e não escrever dispersões.