"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Friday, August 24, 2007

Do Sim ao Porquê

(Créditos Imagem: Getty Images, por Elizabeth Young)

Eles tinham marcado às 16h. Na última mesa do canto. Apenas os mais atentos que passassem na rua enxergariam as pessoas sentadas àquela mesa. A contrário de que, as pessoas da mesa, como narradores mudos porém observadores, enxergavam as vidas das pessoas que iam com seus cachorros e daquelas que iam em seus carros. Ele já estava lá. Pontual como sempre. Sabia que ela não tardaria a chegar. Seu atraso nunca ultrapassa os 15 minutos. Ele pediu um capuccino. E esperou. Até que ela entrou café adentro. Estava com as sandálias vermelhas e a bolsa comprada em Cuzco. Seus cabelos castanhos estavam soltos. Sua face expressava o mesmo de sempre: anseio de vida. Ela logo o avistou. Foi até a direção da mesa e se sentou. Ele perguntou se ela não iria pedir nada. Ela pediu um café com creme. Os dois tiveram uma breve conversa sobre o tempo que mudara de uma hora para outra que se ligou à um breve comentário feito por um ministro. O café chegou à mesa. Ele esperou que ela se acomodasse perfeitamente e terminasse de colocar açúcar no café.
_Beatriz_ ele falou
Ela sorriu.
_O seu sorriso é desses que fazem qualquer um perder o fôlego... Eu prometo ser rápido. Não quero fazer você perder tempo pois sei que é ocupada. Direi de uma vez. Acontece que, eu queria saber se você está sozinha. Caso não esteja, desconsidere tudo o que eu falarei a seguir. Mas eu não consigo esconder a admiração que sinto por você nem os meus olhos escondem o brilho que adquirem quando você aparece à minha frente. E só eu sei o quanto o meu corpo parece ser embalado com fogo quando você olha dentro dos meus olhos. Eu não sei se você se sente assim. Eu não sei se pensar em algo futuro é prepotência da minha parte ou se é uma possibilidade real. Eu apenas quero que você me diga se você está de acordo com isso ou não. Porque eu sei de mim. E ultimamente só faço querer a sua presença ao meu redor.
Ela sorriu. Respirou. E disse:
_Sabe o que eu mais adoro em você? O seu jeito de me dar atenção é único. Nada extravagante. É simples. E original. E eu gosto de coisas simples e originais. Talvez o que aconteça é que a maioria dos homens ao meu redor não sabem combinar originalidade à simplicidade. Gostam de perder tempo com coisas supérfluas. Mas antes que eu me perca de vez com as palavras, lhe devo uma resposta. E lhe digo com sinceridade. Eu já percebi seus olhares. E eles me estremecem a espinha. Eu sou do tipo que gosta de se arriscar. E não ligo se faço as coisas apenas por diversão ou se elas não duram mais de uma noite. Eu sei que você é do tipo que precisa de respostas bem elaboradas. E que você é prático. Não estou certa?
Dessa vez, ele sorriu, dando a entender que ela estava absolutamente correta em suas colocações.
_Pois entenda que eu gosto de complicar as coisas. E neste momento, para simplificar, eu penso em fatos. E o fato é que nós dois sabemos que estamos interessados em explorar mais um do outro. A pergunta que você me fez indiretamente é se eu acho que nós devemos deixar o desejo falar mais alto e tentar ou pensar melhor e analisar todas as circunstâncias e prováveis consequências. Tu queres uma resposta?
_É para isso que estou aqui.
_Pois não sei responder as coisas dessa forma. Porém, eu lhe digo que eu quero saber o que faz você se sentir desta forma como descreveu à respeito de mim. E se você esperava um sim da minha boca, sinta-se frustrado. Porque eu não consigo simplificar situações. Mas lhe garanto que eu quero lhe encontrar novamente. Porque eu só aproximo do seu corpo para me deixar levar pela vibração que vêm dele e me faz levitar.
Ele esperava um sim. Ela lhe deu um porquê. Então, ele não teve dúvidas: tocou sua face e beijou-lhe os lábios vermelhos.

Wednesday, August 01, 2007

Diálogo Passional

(Créditos Imagem: Getty Images, by Ed Holub)

_Você está apaixonado por mim?
_Estou.
_Isso é bom. Você me ama?
_Talvez seja precipitado falar sobre isso. Mas eu sei como eu sou. Sei como essas acontecem pra mim. E pelo o que eu sei de mim, eu te amo.
_Isso é bom também. Mas no momento, eu não quero que você me ame; eu quero que você se sinta plenamente apaixonado por mim.
_Por que isso?
_Porque amor não garante nada. E paixão, ao menos, garante ótimos momentos.
_Então é só isso o que você quer ter comigo? Ótimos momentos?
_Você não entendeu. Nesse momento, eu escolho paixão porque eu quero garantir alguma coisa com você. Porque eu quero lembrar de você de um jeito diferente.
_Você, em algum momento, já escolheu o amor?
_Já, uma vez. E o amor não me deu nada, pelo contrário. Só me sobraram boas recordações, que existem mais pela paixão de serem do que pelo amor que causaram.
_Você acredita no amor?
_Eu ainda tento acreditar. E isso é muito.
_Por que eu estar apaixonado por você é assim tão importante?
_Porque eu estou completamente apaixonada por você.



( a paixão é prisão domiciliar paradisíaca, o amor é chave de cadeia pública. Estela sonhou esta frase. E este post é dedicado à ela.)