"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Wednesday, May 30, 2007

O Meu Parque de Diversões



Hoje é um dia qualquer. Um dia desses igual a tantos da vida, onde nada de espetacular acontece. Um dia onde a temperatura respeita a estação do ano atual, onde o jornal passa alguns políticos que foram condenados, onde outros políticos são soltos sem que nos demos conta, onde casais se apaixonam, onde casais se separam, enquanto outras pessoas sentem, escutam, discutem, ouvem, comem e dormem. Outras pessoas ainda viajam. Hoje é um dia desses que chamamos de normal. Mas mesmo um dia normal ainda é um dia dos amigos. Ou seria para os amigos??

Há pessoas que passam por nós e deixam marcas permanentes. Algumas passam desapercebidas. Há outras que não passam; ficam. Essas estão sempre por perto, sem chamar a atenção. Na verdade, se eu me concentrar o bastante em toda a variedade de coisas, elas podem aparecer em segundo plano. Mas quando penso bem sobre elas, quando páro só pra lembrar delas não consigo imaginar outras pessoas que saibam tanto sobre o que eu penso, sobre o que eu sinto e sobre a forma como eu sigo no mundo quanto elas.

Amor é uma palavra que está em todos os comerciais da televisão. Companheirismo é o sentimento-chave de vários filmes da sessão da tarde. Mas amizade não é só amor e companheirismo mútuos. Como disse Vinícius, não fazemos amigos; reconhecemo-os. Inclusive, se eles serão para a vida toda ou não. Quase todas as amizades podem ser pra vida toda. Basta lembrar dos churrascos em tardes de fim-de-semanas perdidos: é preciso manter o fogo aceso para a carne assar. E é mais que necessário manter a chama das amizades acesas. Tarefa fácil não é. Ouvem-se fórmulas sobre o assunto, mas a realidade é que todos sentem dúvidas. Todos questionam suas próprias escolhas. Todos, em algum momento, optam por trilhar caminhos diferentes dos anteriormente conhecidos. E em algum desses caminhos, sempre há outras pessoas à procura de algo. E daí, acontece a mágica: elas se conhecem, descobrem afinidades, passam minutos intermináveis compartilhando risadas e dão ao outro um pouco de si.

Só sei que já trilhei algumas estradas. Encontrei gente em todas. Por um instante, andei junto com umas para depois seguir outro rumo em companhia de outras. E as outras se tornaram as luzes da minha antiga escuridão. As outras viraram o agora que é capaz de me guiar. E há tantas coisas que eu gostaria de dizer aos meus amigos do agora. Tantas que não sei por onde começo, nem como termino. Para não deixar em branco, falo que eles foram os que me salvaram da solidão de mim mesma. Eles me contam suas histórias e nos fazemos outras juntos. Nós andamos meio sem saber por onde no mundo achando que o importante é estarmos juntos.

Quando criança, nunca fui fã de parques de diversões. Um dia, estava em um e experimentei todos os brinquedos. E a sensação de cada um ficou pra sempre em minha mente. Conforme eles subiam, giravam, rodopiavam ou viravam de ponta a cabeça, o meu coração palpitava e as minhas sensações mudavam. Senti calmaria, medo, adrenalina, prazer, vontade de rir, vontade de gritar, lágrimas surgiram com a velocidade e um misto de alegria com paz me invadiu quando vi o parque todo lá de cima da roda-gigante. Comparo a convivência com meus amigos a uma tarde num parque de diversões. Com eles, eu sinto tudo: calor, frio, calma, raiva, paz, alegria, tristeza, prazer, desespero, tédio e dúvida. Com eles, todo dia é um dia diferente tanto quanto a personalidade de cada um. Os sentimentos são diferentes. Os humores são diferentes. O astral é diferente. E por mais que as estradam sejam sinuosas, seguimos nossos caminhos. Talvez optemos por trilhas diferentes, mas temos o mesmo destino final. E até esse destino muitos encontros noturnos regados à chocolate virão.

É isso. Todo dia é uma aventura porque os meus amigos são o meu parque de diversões. E o bilhete para este parque é sem prazo de validade até que o fim se aproxime. Mas quem sabe, o nosso fim seja descermos todos juntos depois de uma volta na roda-gigante.

(Declaração de amor aos meus amigos. Todos eles. Mesmo os que se foram. Especialmente os que ficaram.)

Wednesday, May 16, 2007

Hoje pensei no amor e...

(Créditos Imagem: Getty Images, by Joehari Lee)


Hoje, pensei no amor e pensei diferente. Refleti mais. E cheguei à isto:


Só pode ser amor a partir do momento em que arde em brasa.
Só é amor a partir da maturidade.
Só é amor a partir do encontro natural não-planejado entre a sentimentalidade e a racionalidade.
Não basta gostar, suspirar, desejar para ser amor.
É preciso pensar, relevar, conceder e criar.
Por isso, falo hoje:
O amor é um estado consciente-emocional,
Arma perigosa,
Que deixa todo um Estado sob ameaça,
E faz as pessoas serem mais loucas do que normalmente já são.


Por essas palavras e por outras, acho que nunca amei fora do eixo vínculo familiar-amizade. E por incrível que pareça, não achei esta conclusão ruim.


E a partir disso, só posso concordar com Tom Jobim:
"O amor é a verdadeira sacanagem."

Friday, May 11, 2007

Qualquer Bobagem

(Créditos Imagem: Getty Images, by Vikki Hart)

Qualquer cigarro acalma
Quando se está atrasada para uma reunião
Qualquer sorriso ajuda
Quando você está prestes a se aproximar daquela pessoa
Qualquer presente serve
Quando o mais importante não é agradar
Qualquer torta vira a melhor do mundo
Quando está de madrugada e só há aquilo de tentação
Qualquer decisão é precisa
Quando se é necessário fazer alguma coisa
Qualquer pensamento é útil
Quando se está a escrever uma crônica
Qualquer roupa veste bem
Quando o mais importante é sairmos à rua
Qualquer desejo é válido
Quando estamos entre quatro paredes
Qualquer canção vale a pena
Quando se está satisfeito
Qualquer amor satisfaz
Quando o amar não é importante
Qualquer bobagem é bem-escrita
Quando o que mais se quer é sair da rotina

(ouvindo Jamiroquai e tentando sair da rotina)