"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Friday, November 24, 2006

Toda a loucura da vida

(Créditos Imagem: Getty Images, by Photodisc)

"O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço", falou Raul Seixas. Queria ser assim. Mas no momento, nem sei mais o que quero. Nem sei mais o que eu sou. E só penso em coisas transloucadas ultimamente. A paixão parece já não ser mais um elemento fundamental à mim. Muito menos a necessidade de estar envolvida. Alguns objetivos tão importantes tempos atrás estão ficando pelo caminho. Tenho sentido vontade de fugir. Fugir da cidade, fugir do país, fugir do planeta, vontade de ir para o lugar mais distante possível de mim. Acho que cansei de mim. Ao menos, pelo momento. Queria entrar na mente de outra pessoa como acontece no filme "Quero Ser John Malkovich". Não necessariamente de uma pessoa famosa, mas de alguém. Variar de pensamento um pouco. Ter outros pontos de vista. Apreciar mais fruta que pão. Gastar dinheiro por gastar.
Minha vida parece ter se estagnado entre o céu e o inferno, e acho que gostou da posição meio-termo. Tenho arriscado mais, tenho me escondido mais, tenho me preservado mais, tenho gritado mais. Às vezes me sinto como se fosse uma artista renomada do século passado, perdida nesta sociedade do espetáculo. Em outros momentos, me sinto como um ser totalmente incapaz e julgo que todos os outros, sem exceção, sabem fazer melhor que eu. A poesia tem me feito companhia mas tem retratado uma vida, ao menos, imaginária. Não é nem tanto pelo tédio. O tédio ultimamente é embalado aos acordes sujos de guitarra do final da década de 60, e isto o torna um pouco atraente. Tampouco necessito de venenos antimonotonias.
Queria achar a mente de alguém escondida por aí. Explorá-la por alguns minutos, me perder em outra realidade. Queria sentir outros cheiros e sofrer outros cortes. Possuir outro corpo, ou quem sabe, dois corpos ao mesmo tempo. Masculino e feminino. Para que haja estabilidade.
Estou precisando de pão. Estou precisando ser necessidade de alguém. Estou precisando agir por alguém. Estou precisando de remédios que controlem a sanidade mental. Estou precisando de venenos não tão nocivos assim. Estou precisando ser alguém que não eu mesma. Mas como fazer isso de modo original? Como fazer isso sem ferir meus ideais político-filosóficos-sociais? Não sei.
Nem sei se preciso disso tudo. Nem sei se isso me caíria sob medida. Só preciso neste momento de toda a loucura que houver nesta vida e nas outras, passadas e futuras. Só disso.


(Vivendo sob toda a loucura da minha vida de altos e baixos, em meio à toda esta sociedade do espetáculo, escrevendo ao som de Cássia Eller e Pink Floyd... e sempre pensando, pensando até demais!)

2 Comments:

  • At 1:33 PM, Blogger Sylvia de Sá said…

    Anna, querida!

    Me assusta (no bom sentido) o quanto pensamos parecido! rs
    Sei como são esses momentos... mas, te digo, eles nos ajudam a crescer! É mais ou menos como aquela história de ressurgir das cinzas, como a fênix!

    Adorei o texto! Brilhante, como sempre!

    Meu coração tá partido por não poder atualizar meu blog com a frequência que queria...
    Espero voltar em breve, mas, enquanto isso não acontece, vou me "alimentando" da sua arte... =)

    Beijo grande,

    Sylvia

     
  • At 3:35 PM, Anonymous Anonymous said…

    Anna..
    Eu sabia q c tava ouvindo Cássia Eller..
    E eu acho que sei ateh a música..
    veh c nam era essa:
    Todo o amor que houver nessa vida
    Ótimo textooo..
    Bjuz ninááá

     

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