"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."

Monday, November 13, 2006

Filosofando inesperadamente (sobre dias de véspera e ações impulsivas, em nome do amor em que se acredita)

(Créditos da imagem: Getty Images, fotógrafo Per Eriksson)

Hoje é um dia de véspera, como muitos outros que acontecem nessa vida. Há vários deles: véspera de Natal, de aniversário nosso, de aniversário dos outros, de Páscoa, de Ano-Novo, de final do campeonato brasileiro de futebol, entre outros exemplos que poderiam ser naturalmente citados. Mas esta véspera é diferente: não foi uma véspera premeditada, pré-programada, longe disso. É uma véspera vinda do acaso, nascida depois de muitas reflexões, suposições e palavras repetidas pela voz da consciência. Nem por isso, é menos especial que qualquer outra véspera.
Qual é a magia por trás de um dia de véspera? Muitas: ansiedade, um pouco de medo do que virá, um pouco de pavor de si mesmo, uma insegurança quase sempre presente nas relações humanas, e suposições, suposições, suposições, sejam estas otimistas, pessimistas ou neutras (se é que existe alguma suposição que seja por inteiro neutra, analisando-se todos os pontos de vista).
Qual é a magia por trás de um impulso? Algumas: o sentimento de coragem que ronda o espírito, a auto-confiança presente em todos os momentos, que se esvai misteriosamente na hora da ação real, uma felicidade estranha por temer e não temer o desconhecido, talvez lágrimas (no meu caso sim, muitas lágrimas), risos nervosos e uma estranha sensação de quem é dono de si mesmo, que nos faz ter a certeza de que aquele momento será o mais importante da vida até então.
O que falar, então, de um dia que se torna véspera por conta de um impulso? Não sei. Na verdade, não faço idéia. Queria saber quais são as exatas relações entre os dois mas estou amedrontada demais para pensar em qualquer coisa. Será que as ações tomadas por impulso valem tanto quanto as planejadas ou será que valem mais, por serem mais difíceis? Ou será ainda, que o grau de dificuldade é o mesmo em ambas as situações, mudando de ser humano para ser humano? Não sei. Mas queria saber isso. Talvez me acalmasse. Talvez não.
Acho que não sei mais nada no exato instante. Minhas unhas já se foram. Meu cabelo está um caos. Meu apetite desapareceu e o sono está inquieto, sem saber se quer embarcar na madrugada fria e fazer o amanhã chegar mais rápido ou se adia por quanto tempo for possível os sons emitidos pelos galos da região, que nos fazem despertar na hora certa, mesmo quando não é o que queremos.
Só sei que qualquer coisa é válida quando o amor está em jogo (que frase piegas!). Um amor que nem sabe se ainda é amor de verdade mas que tem a plena certeza de já ter sido um dos mais ternos e raros que existem por aí. Por trás deste amor, há um coração descrito pelos versos de Arnado Antunes, "que não está sentindo nada, nem medo, nem calor, nem fogo", mas não vê a hora de sentir novamente. E no momento, apenas o sentir é suficiente. Quer dizer, seria mais do que suficiente se fosse pra sentir com você, mas isso é outra história...
Uma coisa é fato: uma ação impulsiva não é determinada seguindo a idéia de 'não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje' pois não há racionalidade de fato por trás do impulso. E penso comigo que isto não é de todo ruim. Há ações que não tem outro modo de ser, se não forem impulsivas. Mas o impulso já está pré-planejado... E com ele, vem o dia da véspera, que deixa de ser um dia comum, para ser o dia D (no caso, De Véspera). E qual será o real significado por trás disso tudo? Aliás, será que tudo precisa ter um significado? Será que algumas coisas não podem existir só pelo fato de existirem, sem explicação detalhada?
Ai, ai, ai... Na verdade, adoro agir impulsivamente. Adoro dias de véspera. Adoro ações em nome do amor (e em nome de mim mesma), sejam estas determinadas ou não. E adoro, simplesmente adoro, filosofar inesperadamente.


Filosofia inesperada, a primeira de muitas... (ao som de Marisa Monte)

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